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Tecnologias quebram barreiras da Oftalmologia

O envelhecimento da população no mundo todo, inclusive no Brasil, é hoje o maior desafio da Oftalmologia. Isso porque, nossos olhos foram feitos para funcionar com perfeição até os 40 anos. A partir daí surge a presbiopia, dificuldade de enxergar de perto que torna obrigatório o uso dos óculos de leitura até para quem sempre enxergou bem. Na mesma época pode aparecer o glaucoma, depois a catarata e mais tarde a degeneração macular ou outras alterações na retina como a retinopatia diabética em quem convive há mais de 10 anos com o diabetes. Significa que a Oftalmologia é uma das especialidades médicas mais presentes na vida de todas as pessoas. Isso porque, com exceção da catarata que pode ser eliminada pela cirurgia, todas as outras doenças oculares que surgem com o avanço da idade são crônicas e, portanto, exigem acompanhamento médico. Para se ter uma ideia, as doenças crônicas representam 75% dos custos da assistência médica. Isso significa que a partir dos 40 anos as consultas oftalmológicas periódicas são um imperativo para a qualidade de vida.

A boa notícia é que hoje aplicativos baratos instalados no celular medem a refração e permitem tirar fotos do fundo do olho que possibilitam diagnosticar à distância doenças oculares graves como a degeneração macular, retinopatia diabética, tumores e glaucoma que causam a perda da visão se não receberem o tratamento correto.

No Brasil o diagnóstico remoto pode ser feito quando é solicitado por um outro médico que mesmo sem ser especializado saiba usar a ferramenta. Por isso, esta tecnologia pode eliminar o déficit de oftalmologistas em locais distantes.

Mais adesão ao tratamento

Os aplicativos para celular também podem auxiliar no gerenciamento do uso de medicamentos, informando quando e como cada um deles deve ser utilizado, além de fazer uma análise do comportamento de cada paciente. Na Oftalmologia este recurso é bastante importante porque 67% dos brasileiros não sabem usar colírio. É o que mostra uma pesquisa que conduzi no Instituto Penido Burnier com 2.700 pacientes. Falhas na instilação de colírios potencializam o risco de cegueira em pessoas com glaucoma e outras complicações conforme as condições da saúde ocular de cada um. A estimativa é de que um em cada 2 brasileiros com glaucoma abandonam o tratamento. O acompanhamento remoto pode reduzir este índice e os custos sociais da cegueira que são bastante altos, uma vez que o uso contínuo de colírios é a única forma de evitar a perda total da visão em quem tem esta doença e 85% de nossa integração com o meio ambiente depende da visão.

Nanotecnologia e novos medicamentos

A nanotecnologia é outra ferramenta que vem sendo adotada na Oftalmologia para acabar com a falta de adesão aos tratamentos. Este é o caso dos nanotubos de carbono, implantados no olho de pacientes com glaucoma para baixar a pressão intraocular. O implante é feito entre a córnea e a esclera, parte branca do olho, sobre um orifício que permite o escoamento do humor aquoso, líquido que preenche o globo ocular.

No tratamento da degeneração macular nanopartículas de inibidores de crescimento endotelial vascular permitem o livre acesso ao olho de fora da parede ocular, sem o desconforto da agulha e injeção intraocular.

Todo este avanço vem fazendo com que o número de drogas inovadores venha caindo ano a ano. Em 2010 totalizou 21, número que chegou a 11 em 2015. Ainda assim, a Oftalmologia conta com centenas de ensaios clínicos a serem finalizados. Entre as medicações em desenvolvimento se destacam com possibilidades reais de lançamento, fármacos para tratamento efetivo da presbiopia, miopia e olho seco.

Expansão da robótica

Outra vertente que está revolucionando a Oftalmologia e permitindo a boa visão, independente da idade, é o laser de femtosegundo. Isso porque, garante maior precisão e previsibilidade à cirurgia de catarata, além de ser utilizado na correção de miopia, hipermetropia e astigmatismo, implante de anel intraestromal em portadores de ceratocone e no transplante de córnea. A previsão é que se torne mais acessível nos próximos anos. A queda de preço deve garantir a expansão da utilização da robótica e procedimentos cada vez menos invasivos na oftalmologia, incluindo, por exemplo, a cirurgia de descolamento da retina, comum em altos míopes, entre outros procedimentos retinianos.

Avanço na prevenção

O ceratocone, doença na córnea que responde por 70% dos transplantes no Brasil, teve um grande avanço na prevenção, nos últimos anos. Isso porque, hoje a doença pode ser diagnosticada precocemente através da tomografia, exame que avalia as duas faces da córnea. Por isso, permite o diagnóstico antes dos primeiros sintomas: troca frequente do grau dos óculos, visão de halos noturnos, aversão à luz do sol, maior fadiga visual e olhos irritados. O crosslink, aplicação de vitamina B2 (riboflavina), associada à radiação ultravioleta está preservando a córnea de quem tem ceratocone porque impede a evolução da doença. A expectativa é de que estas tecnologias tornem o transplante cada vez mais raro no país. Afinal a garantia da boa visão a uma população em que cresce o número de pessoas com 100 anos de idade, impõe cuidados com a visão durante a vida toda.

*Leôncio Queiroz Neto - Presidente do Instituto Penido Burnier, membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), da SBCII (Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares) e da SBCR (Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa)

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